21 maio 2014

Ação de Formação no âmbito da Área de Integração já acreditada

Foi, em finais de 2013, acreditada pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua, a minha ação no âmbito da Área de Integração, conforme despacho que se reproduz.

O programa de Área de Integração: um desafio e uma proposta para o conhecimento do mundo atual
Registo: CCPFC/ACC-76017/13, Nº Créditos: 1, Válida até: 18-11-2016
Modalidade: Curso de Formação, Destinado a: Professores dos Ensinos Básico e Secundário
Estado: C/ Despacho - Acreditado

Já quanto ao programa da ação, é o que se segue. Em breve darei notícias sobre a sua realização e os locais em que acontecerá.


O programa de Área de Integração:
um desafio e uma proposta para o conhecimento do mundo atual

Programa

1. Os pressupostos pedagógicos da Área de Integração (3 h.):
1.1. Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade: um desafio às conceções tradicionais da profissionalidade docente

2. Os pressupostos metodológicos da Área de Integração (3 h.):
2.1. Pluralismo metodológico
2.2. Estrutura modular e avaliação

3. Eixos temáticos do programa de Área de Integração (19 h.):
3.1. Sujeito biocultural, cérebro e mente e a ecologia cognitiva.
3.2. A globalização das culturas e cultura global.
3.3. Sociedades em rede e novas formas de sociabilidade.
3.4. Desenvolvimento e crise social e ambiental. A sustentabilidade.
3.5. A sociedade de risco e ética da responsabilidade.

3.6. A Europa: casa de partida ou casa de chegada. Novos direitos e novos desafios para a cidadania.

01 novembro 2013

Cidadania Europeia no Centro Jacques Delors

Para a abordagem do tema da Cidadania Europeia, aconselha-se a consulta ao material disponível aqui.

Uma visita recompensante.

10 maio 2013

António Damásio: o cérebro à procura da alma

O pensamento exerce-se através do nosso corpo e das nossas emoções. 
As teses de António Damásio, apresentadas de forma atraente e sugestiva. Aqui.


07 maio 2013

28 abril 2013

Viajar não interessa para onde

Num mundo comprimido pela globalização, democratizou-se a possibilidade de viajar, porque, à partida, tudo é mais perto e mais barato. Daí uma nova necessidade que assola o seu humano: a de resistir à tendência de nos fixarmos num lugar, a de permanentemente mudar de sítio. Mas mudar de sítio será sempre a melhor e mais económica maneira de ficar no mesmo lugar. Talvez por essa razão sejo o aeroporto o lugar que melhor simboliza e representa o mundo globalizado. E a sua tragédia, pelo tempo que aí se perde, à espera das malas que se transviaram.

"Com a compressão do tempo que carateriza a globalização, generalizou-se a valorização do meio de transporte, e este leva a melhor sobre a viagem em si mesma. No momento em que escrevo, os painéis publicitários nos cais do metro de Paris propõem uma estadia de um fim-de-semana em Hong-Kong, ou seja, umas férias em que a duração da deslocação é maior que a da estadia. No fascínio pela velocidade, o ato de partir predomina sobre o destino da partida. Daí decorre o sucesso das viagens «em saldo», postas a leilão alguns dias antes da partida. A escolha do destino é feita por defeito. Desejávamos ir a Marraquexe e acabamos por ir a Túnis. A localização do destino tem menos importância que o facto de se partir - o que permanece intocável é a escolha do meio de transporte, o avião. E certamente também o caráter onírico do trajeto, do itinerário. Já um século antes, Passepartou, o criado que acompanhava Phileas Fogg na sua tentativa de bater o recorde da volta ao mundo, dizia: «Vamos tão depressa que até parece que viajo em sonho.» (Jean-Marc Salmon, Um Mundo a Grande Velocidade, Porto, Ambar, 2002, p. 31)

21 abril 2013

A comunicação na organização pressupõe um colaborador crítico

"Dar primazia ao processo comunicacional, que pressupõe fluxos informativos descendentes, horizontais e ascendentes, é, antes de mais, considerar os colaboradores da organização não como meros receptores passivos, mas como actores e protagonistas de um projecto social comum, partilhado por todos os seus intervenientes. Estamos, implicitamente, a referir-nos ao conceito de pessoa, o qual implica ver cada membro da organização não como um indivíduo passivo e amorfo, mas como um ser humano, activo e reflexivo; o mesmo é dizer uma pessoa que tem necessidade de ouvir e de ser ouvida." (Fernando Nogueira DIAS, Sistemas de comunicação de cultura e de conhecimento, p. 178)
Para o tema 1.3 - A comunicação e a construção do indivíduo 

Contudo, nem sempre o processo comunicacional se desenvolve da melhor maneira; também pode ser um foco de instabilidade e de propagação de fatores negativos. Porém, a comunicação e o seu exercício continuado no seio duma organização constituirão sempre o espaço indispensável para o surgimento das soluções, nomeadamente, para a ultrapassagem dos constrangimentos que dificultam o bom e sadio desenvolvimento dos ambientes organizacionais, seja numa empresa, numa escola, ou na administração pública.

20 abril 2013

A dimensão sagrada das nossas festas populares

"A festa representa uma das formas mais significativas de (re)encontro social das comunidades, baseada na convivência entre as populações de um determinado lugar, apresentando-se como motivo catalisador de renovado relacionamento entre os habitantes de uma mesma localidade e os daquelas que lhe são vizinhas — incluindo os forasteiros que vêm de longe —, servindo ao estreitamento de laços de confraternização e amizade entre as gentes e dando motivo, não raras vezes, a negócios que se concretizam ou se apalavram e também às notícias de quem não pôde estar presente, trazidas por familiares e amigos que voltam à terra por altura das festas, para nelas tomarem parte e matarem saudades.
"A festa simboliza, assim, uma espécie de sala de convívio de cada terra, em que a grande família comunitária se reúne com os seus pares e as suas visitas e onde os usos, práticas e crenças que lhe estão associados, abarcando devoções religiosas e profanas tão específicas quanto ricas na sua articulação e diversidade, mais se fazem notar, particularmente na devoção aos oragos que se festejam — tendo em conta que atrás de cada festa há sempre um santo padroeiro que se venera e louva.
"Os meses de Julho e Agosto apresentam-se, por excelência, como dois dos meses eleitos de norte a sul do País para dar continuidade, no seu máximo expoente, ao grande ciclo das romarias, uma das manifestações de maior significado e colorido da tradição rural portuguesa (é nas comunidades rurais que este género de festividades mais acentuadamente envolve as populações e as mobiliza na defesa e divulgação das suas tradições), a merecer a nossa atenção pelo significado e importância de que se revestem, quer no que respeita ao calendário religioso, quer etnográfico.

"Mistura do sagrado e do profano — uma constante nos costumes populares —, a manter vivas as nossas raízes, resultam, predominantemente, da celebração em louvor de um orago, ou padroeiro de uma localidade, realizando-se a festa e a romagem à sua capela (por vezes situada em lugar ermo ou de acesso pouco fácil) na data que lhe é consagrada.
"Na generalidade, trata-se de festividades seculares exuberantes de tipos e costumes — algumas a comportar cerimónias reminiscentes de cultos milenários —, às quais as multidões acorrem atraídas por um conjunto de manifestações antecipadamente programadas e anunciadas, tanto de âmbito litúrgico como lúdico: cerimónias religiosas, associadas a missas de festa e imponentes procissões, cortejos, bandas filarmónicas, desfiles de gigantones e cabeçudos, feiras (onde se vende um pouco de tudo, sempre com destaque para o artesanato e toda a espécie de produtos dessa região), música, ranchos folclóricos, fogo-de-artifício e arraiais onde se petisca, canta e dança pela noite fora.

"Quase sempre antecedidas por um peditório, numa espécie de introdução à própria festa e a dar-lhe início — por vezes com grupos de danças acompanhados por gaiteiros, tocadores de bombos ou tamborileiros, seguidos pelo fogueteiro —, continua a verificar-se o costume, mantido em certas localidades, de os festeiros, ou mordomos, oferecerem em troca do donativo frutos ou bolos tradicionais próprios dessa ocasião. Noutros lugares os peditórios tomam a forma de cortejos de oferendas, com as doações a serem leiloadas após o desfile.
"Quanto às categorias, pode dizer-se que se dividem em duas: as pequenas romarias, a chamar a si apenas as populações locais e as gentes dos lugares vizinhos (geralmente com a duração de apenas um dia e a noite da véspera), e as grandes romarias, de maior movimento urbano, a dar origem a verdadeiras peregrinações anuais ao local onde se efectuam — todavia, umas e as outras a comportarem, na sua maioria, rituais específicos que fazem as características e a diferença entre cada uma delas.
(Jorge BARROS e Soledade Martinho COSTA, Festas e tradições populares, vol. Julho e Agosto, Lisboa, Círculo de Leitores, 2003, pp. 15-17)

17 abril 2013

Somos hóspedes da vida

"Todos nós somos hóspedes da vida. Não há nenhum ser humano que saiba o significado da sua criação, exceto ao nível mais primitivo e biológico. Não há nenhum homem nem nenhuma mulher que saiba qual o objetivo (se é que existe...), qual o significado possível de ter sido «atirado» para o mistério da existência. Por que é que há algo em vez de nada? Por que é que eu existo? Somos hóspedes deste pequeno planeta, de uma urdidura infinitamente complexa, quiçá fortuita, de processos e mutações evolutivas que, em inúmeros estádios, poderia ter seguido um outro curso ou testemunhado a nossa extinção. Acabámos, aliás, por nos tornar hóspedes vândalos, produzindo lixo, explorando e destruindo outras espécies e recursos. Estamos a transformar rapidamente este ambiente extraordinariamente belo e intrincadamente perfeito, e inclusive o espaço sideral, numa lixeira venenosa. Há caixotes do lixo na Lua. Por mais inspirado que seja o movimento ecológico que, juntamente com a emergente perceção dos direitos das crianças e dos animais, é dos poucos capítulos esclarecidos do nosso século, é bem possível que tenha vindo demasiado tarde."
(George Steiner, Errata: revisões de uma vida, Lisboa, Relógio D'Água, 2009, pp. 70-71) 
Pequeno texto dum dos mais inspirados e inspiradores intelectuais da atualidade, que pode ser utilizado para o início do tema 9.1 - Os fins e os meios: que ética para a vida humana?.

07 abril 2013

A Terra é plana, redonda ou nem por isso?...

Henry Mintzberg, um especialista no campo da gestão, aborda o valor e a utilidade das teorias. Em Mintzberg on Management: Inside our Strange World of Organizations (New York, Free Press, 1998), refletiu sobre a utilidade da teoria que afirma que a Terra é plana em confronto com a teoria que defende que a Terra é redonda. E recorda que pensou nisso quando ía a viajar de avião. E, se bem que acreditasse que a Terra era plana, considerou que naquele momento, para os aviões, era mais útil a teoria que achava que a Terra era redonda, pois, caso contrário, os aviões provenientes de Génova, Itália, iriam embater nos Alpes. Porém, ao observar a pisat de aterragem, acreditava que os engenheiros tinham corrigido a curvatura da Terra e esperava que a pista fosse bem plana. Tudo isto para concluir que é arrogante considerar qualquer teoria, nova ou antiga, como verdadeira, pois todas as teorias são falsas e mais ou menos úteis, dependendo das circunstâncias.
Não acompanhanos este perigoso relativismo. Na noite do relativismo, todas as teorias são pardas. Mas não são. Há, de facto, teorias verdadeiras e teorias falsas. Como é importante que as teorias não cedam a visões simplistas e sejam complexas, totalizadoras. Porém, neste caso, a Terra é plana, redonda e mais qualquer coisa que isto. E desejemos convictamente que a teoria abarque sempre mais qualquer coisa que isto.
Como afirmou o psicólogo social Kurt Lewin, "não há nada tão prático como uma boa teoria." 

05 abril 2013

Porque falham as empresas autoritárias e centralizadas

"As empresas autoritárias e centralizadas têm falhado pela mesmo razão que têm falhado os Estados autoritários e centralizados: não conseguem lidar com as exigências em matéria de informação do mundo cada vez mais complexo que habitam. Não foi por acaso que as hierarquias começaram a enfrentar problemas precisamente na altura em que, por esse mundo fora, as sociedades passavam das formas de produção industrial para as de alta tecnologia, baseadas na informação.
"[...] Numa sociedade agrícola em que os senhores governavam camponeses, saber montar a cavalo e servir-se da espada, ter alguns conhecimentos de política e a benção do bispo local era provavelmente o bastante para assegurar o monopólio do poder. Mas à medida que as economias se desenvolveram e se tornaram mais complexas, as exigências em termos de informação para governar aumentaram exponencialmente. A governação moderna exige conhecimentos tecnológicos que nenhum governante pode ter a pretensão de dominar sozinho, o que o obriga a confiar em técnicos para tudo e mais alguma coisa, desde a conceção de armas à gestão fiscal." (Francis Fukuyama, A Grande Ruptura, pp. 288-289)

03 abril 2013

A importância das redes informais na difusão das ideias

A difusão do conhecimento e do desenvolvimento tecnológico podem ocorrer nos ambientes mais imprevistos e informais. Nem sempre os congressos e os grandes encontros de especialistas são os melhores meios para essa difusão.
Segundo Annalee Saxenien (Regional Advantage: culture and competition in Silicon Valley and Route 128, Cambridge, Harvard University Press, 1994, pp. 32-33) é o Wagon Wheel Bar, um popular bar em Mountain View, onde os engenheiros se reúnem para trocar ideias e mexericos, o local que muitos consideram ser a grande fonte da indústria dos semicondutores.
Numa indústria caraterizada pela rapidez das transformações tecnológicas e uma competição intensa, esta partilha informal de ideias adquire maior importância que os fóruns convencionais e a imprensa especializada.
Além disso, esta informação ganha uma qualidade e credibilidade adicionais que são acrescentados pela confiança mútua "garantida com indivíduos com os quais se partilham passados e experiências profissionais comuns" (Francis Fukuyama, A Grande Ruptura, p. 208).
Esta situação explica o facto de que, apesar da globalização, da rapidez e das facilidades alcançadas nas tecnologias da comunicação e dos transportes, o fator proximidade continua a ser crucial, explicando porque não assistimos a uma maior dispersão geográfica das indústrias. O contacto visual, o compromisso presencial repetido, a interação afetiva, continuam a ser essenciais para a difusão das ideias e o progresso do conhecimento.
Como conclui Fukuyama (op. cit., pp. 310-311), os laços fracos continuam a ser importantes e "é difícil transformar ideias em riqueza na ausência de relacionamento social", pelo que não nos basta largura de banda e ligação de alta velocidade. A Internet continua a não ser suficiente. E nada substitui um bom copo entre amigos. Mesmo para desenvolver a indústria dos semicondutores. 
Assim, há boas razões para ter esperança.

02 abril 2013

A organização taylorista e os seus problemas

Para a abordagem dos temas-problema 6.1 e 6.2, deixo aqui um esclarecedor texto sobre a conceção taylorista de organização do trabalho e as suas deficiências...

"O local de trabalho do início do século XX, exemplificado pelas gigantescas fábricas de Henry Ford, era uma organização hierárquica caraterizada por um alto grau de formalismo. Ou seja, havia uma extensiva divisão de trabalho ordenada e controlada através de uma hierarquia burocrática e centralizada, que estabelecia uma grande quantidade de regras formais sobre como os membros individuais da organização deviam comportar-se. Os princípios da gestão científica, tal como foram definidos pelo engenheiro industrial Frederick Winslow Taylor e implementados por Ford, continham implícita a premissa de que uma administração informada permitia economias de escala e que uma organização operaria mais eficazmente se a informação fosse restrita à hierarquia administrativa em vez de ser difundida a todos os trabalhadores.
"Num sistema deste tipo, não havia necessidade de confiança, nem de capital social, nem de normas sociais informais: dizia-se a cada trabalhador onde ficar, como mover os braços e as pernas, quando fazer uma pausa, e de um modo geral não se esperava dele que revelasse o mínimo resquício de criatividade ou de raciocínio. [...]


"O taylorismo era um meio eficaz - talvez o único meio - de coordenar as atividades de uma mão-de-obra industrial pouco especializada. [...] Mas o taylorismo encontrou pela frente todos os problemas que afligem as grandes organizações hierárquicas, como lentidão na tomada de decisões, regras de trabalho inflexíveis e uma incapacidade de adaptação a novas circunstâncias.
"A passagem da organização hierárquica taylorista para a organização achatada ou para a rede envolve transferir a função coordenadora das regras burocráticas formais para normas sociais informais. A autoridade não desaparece numa organização achatada ou numa rede; é interiorizada de um modo que permite auto-organização e autogestão. [...] Em termos de autoridade formal, muitas das funções antigamente atribuídas a gestores do escalão médio passaram a ser desempenhadas por operários da linha de montagem que por sua vez trabalham em equipas. São os próprios trabalhadores que gerem os prazos, a distribuição das máquinas, a disciplina de trabalho e o controlo de qualidade."
Francis Fukuyama, A Grande Ruptura, pp. 303-305 

31 março 2013

A caminho da ecologia cognitiva

A propósito do último ponto do tema 1.1 - A construção do conhecimento, no nosso manual "Ser Global", vol. 2, pp. 30-31 e do conceito de ecologia cognitiva e a redefinição da relação sujeito-objeto, deixo aqui um pequeno texto sobre a ilusão dum sujeito individual, solitário, isolado do meio:
“Não sou «eu» que sou inteligente, mas «eu» com o grupo humano de que sou membro, com o meu idioma, com toda uma herança de métodos e tecnologias intelectuais (entre elas o uso da escrita). Para citar apenas três elementos entre milhares de outros, sem o acesso às bibliotecas públicas, sem o emprego de diversas aplicações muito úteis e sem inúmeras discussões com amigos, o signatário deste texto teria sido incapaz de o redigir. Isolado do coletivo, desprovido de tecnologias intelectuais, «eu» não pensaria. O pretenso sujeito inteligente é apenas um dos microatores de uma ecologia cognitiva que o engloba e o limita.”
Pierre LÉVY, As tecnologias da Inteligência, Lisboa, Instituto Piaget, p.173

30 março 2013

Regressando...

Nos últimos meses este blogue esteve praticamente inativo. Reparei, contudo, que continuou a ser visitado. Espero que com benefício para aqueles que aqui procuraram alguma informação pertinente. A minha ausência tem uma explicação: desde há perto de seis meses que estive ocupado no desenvolvimento de mais alguns elementos que enriqueceram o nosso projeto de manual de Área de Integração na Porto Editora. Neste momento, já concluída essa tarefa, e quando se têm realizado, em várias cidades do País, encontros com professores para apresentação das nossas propostas para a Área de Integração, é altura de aqui regressar, com a promessa e a vontade de fazer do blogue uma plataforma de contacto e troca de experiências entre professores de Área de Integração. Deixo aqui a (novíssima) capa de um dos volumes do manual e do novo Caderno de Atividades. Comigo continuam os professores João M. Dias Lourenço e Maria de Fátima Pinto. Esperamos continuar a contar convosco. 

 

15 setembro 2012

Globalização - A Humanidade está unida por uma imaginação comum



“Do outro lado do planeta, num longínquo recanto da Amazónia, junto da fronteira entre a Bolívia e o Brasil, surge a mesma promessa ao longo da rua. Em plena floresta virgem, o grupo industrial de construção Mendes Júnior, de São Paulo, faz publicidade em grandes painéis a vivendas individuais inspiradas no modelo norte-americano, idílicas, requintadas e grandes consumidoras de recursos naturais. Em sórdidas cabanas, à beira das águas turvas do rio Purus, jovens caboclos, os mestiços descendentes dos Índios e dos escravos negros, discutem as medidas da nadadora Pamela Anderson, da série televisiva californiana Baywatch, como se se tratasse da filha do vizinho. Ajudados por leitores de vídeo e cassetes provenientes de Hollywood, os negociantes de madeira corrompem a poucas tribos índias que ainda sobrevivem no estado de Rondônia, a fim de que estas os autorizem a abater os últimos cajus das suas reservas. […]



Não tenhamos dúvidas: se a humanidade tivesse hoje de votar para escolher um estilo de vida mundial, poderia efetivamente fazê-lo. Atualmente, mais de quinhentos satélites ativos emitem para a Terra os sinais radiodifundidos da modernidade. Imagens uniformes, em mil milhões de ecrãs de televisão, alimentam os mesmos desejos nas margens do Amur, do Yangtze, do Amazonas, do Ganges e do Nilo. Mesmo nas regiões privadas de qualquer corrente elétrica (por exemplo, o Níger, na África Ocidental), as parabólicas e os painéis solares transportam milhões de pessoas «para fora da sua existência aldeã e para uma dimensão planetária», para usar a expressão do secretário-geral do Clube de Roma, Bertrand Schneider. […] 
Nunca como agora as pessoas souberam tanto e estiveram tão informadas sobre o resto do mundo. Pela primeira vez na sua história, a humanidade está unida por uma imaginação comum.”

Hans-Peter Martin e Harald Schumann, A Armadilha da Globalização, Lisboa, Terramar, 1998, pp. 19-21