

Não tenhamos dúvidas: se a humanidade tivesse hoje de votar
para escolher um estilo de vida mundial, poderia efetivamente fazê-lo. Atualmente,
mais de quinhentos satélites ativos emitem para a Terra os sinais
radiodifundidos da modernidade. Imagens uniformes, em mil milhões de ecrãs de
televisão, alimentam os mesmos desejos nas margens do Amur, do Yangtze, do
Amazonas, do Ganges e do Nilo. Mesmo nas regiões privadas de qualquer corrente
elétrica (por exemplo, o Níger, na África Ocidental), as parabólicas e os
painéis solares transportam milhões de pessoas «para fora da sua existência aldeã
e para uma dimensão planetária», para usar a expressão do secretário-geral do
Clube de Roma, Bertrand Schneider. […]
Nunca como agora as pessoas souberam tanto e estiveram tão
informadas sobre o resto do mundo. Pela primeira vez na sua história, a
humanidade está unida por uma imaginação comum.”
Hans-Peter Martin e Harald Schumann, A Armadilha da Globalização, Lisboa, Terramar, 1998, pp. 19-21