A difusão do conhecimento e do desenvolvimento tecnológico podem ocorrer nos ambientes mais imprevistos e informais. Nem sempre os congressos e os grandes encontros de especialistas são os melhores meios para essa difusão.
Segundo Annalee Saxenien (Regional Advantage: culture and competition in Silicon Valley and Route 128, Cambridge, Harvard University Press, 1994, pp. 32-33) é o Wagon Wheel Bar, um popular bar em Mountain View, onde os engenheiros se reúnem para trocar ideias e mexericos, o local que muitos consideram ser a grande fonte da indústria dos semicondutores.
Numa indústria caraterizada pela rapidez das transformações tecnológicas e uma competição intensa, esta partilha informal de ideias adquire maior importância que os fóruns convencionais e a imprensa especializada.
Além disso, esta informação ganha uma qualidade e credibilidade adicionais que são acrescentados pela confiança mútua "garantida com indivíduos com os quais se partilham passados e experiências profissionais comuns" (Francis Fukuyama, A Grande Ruptura, p. 208).
Esta situação explica o facto de que, apesar da globalização, da rapidez e das facilidades alcançadas nas tecnologias da comunicação e dos transportes, o fator proximidade continua a ser crucial, explicando porque não assistimos a uma maior dispersão geográfica das indústrias. O contacto visual, o compromisso presencial repetido, a interação afetiva, continuam a ser essenciais para a difusão das ideias e o progresso do conhecimento.
Como conclui Fukuyama (op. cit., pp. 310-311), os laços fracos continuam a ser importantes e "é difícil transformar ideias em riqueza na ausência de relacionamento social", pelo que não nos basta largura de banda e ligação de alta velocidade. A Internet continua a não ser suficiente. E nada substitui um bom copo entre amigos. Mesmo para desenvolver a indústria dos semicondutores.
Assim, há boas razões para ter esperança.
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